Quem conhece o mínimo que seja de
cinema, já ouviu falar em Ridley Scott, um diretor de filmes cultuados, apesar
de comerciais. Temos Blade Runner - O Caçador de Androides e Alien – o 8º
Passageiro como expoentes de uma época serena e até inocente do cinema (especialmente
o de ficção científica).
Ridley Scott, se gênio não for, é
competentíssimo no que faz e propõe. Em minha concepção, está ao lado de figuras
como James Cameron, Richard Donner, Spielberg e Scorsese na arte de contar
histórias, sejam elas piegas ou não. Ao ver Blade Runner pensei ao final: “Que
porra foi essa?”, pelo simples fato de não ter entendido nada, também pudera,
eu era somente uma criança que alugou um VHS por causa da capa estilosa, ainda
mais que tinha o cara que fazia o Indiana Jones.
Depois de crescido, vi novamente e
pensei: “Que porra foi essa?”, pelo simples fato de ter entendido dessa vez.
Minha segunda impressão do Ridley foi a que ficou...
Quando vi Alien pela primeira vez,
pela TV mesmo, lembro que meu pai fazia ótimos comentários sobre o filme e isso
prendeu demais minha atenção. Tenso, aterrorizante e insano. Filme que ainda dá
de cano de ferro em muita besteirinha hype por aí.
Pois bem, depois de sumir um pouco,
eis que aparece o Prometheus, nova obra de Scott que, por ironia, veio coberta
de hype.
Prometheus veio como um prelúdio do
primeiro filme do Alien, isto é, era vendida a ideia que a película viria
explicando a origem do “bixo da boquinha saliente”. De fato existe alguma
ligação (não darei spoilers aqui), sutil, mas existe e, por este motivo,
considero o roteiro montado como o meio de uma história e não o início.
O visual do filme é deslumbrante e
grandioso e dá a exata dimensão do que o diretor quer passar: um Universo
possível e não surreal (imagino esse filme feito pelo Terry Gilliam rsrssrr).
Elementos do Blade Runner, Alien e até do Gladiador estão presentes.
O filme trata sobre a origem da
vida na terra. Que originalidade!!!!. Não esqueçamos que estamos falando do
Ridley. Como vemos muito no History Channel, existem evidências (ou não) de que
fomos visitados por seres extra planetários em tempos remotos e este é o ponto
de partida, já que um grupo de cientistas consegue achar uma lógica em desenhos
feitos no início da civilização humana e encontrados em sua maioria em
cavernas. Simplesmente descobrem que os desenhos, na verdade, são convites dos
seres para conhecermos sua terra que talvez seja de onde viemos (o nome da
espaçonave que os leva até o local chama-se Prometheus, nome de personagem
mitológico que rouba o fogo dos deuses e dá aos humanos). Loucura não? Não!
A partir daí começam as conjecturas
existenciais, filosóficas e religiosas e muita gente reclamou disso, pois acham
que tudo foi jogado muito rapidamente com difícil compreensão e falta de profundidade
(para mim foi um deleite deixar minha mente aberta e absorver o que estava
vendo, me senti um Descartes).
A expedição é composta por uma
tripulação heterogênea o que gera conflitos ideológicos e até físicos. Não vou
dar mais detalhes da trama para não estragar a surpresa.
É importante dizer que a “bancada”
Cristã, na maioria de seus membros, acha o filme blasfemo por colocar nossa
origem longe das mãos de Deus e criar uma esdrúxula teoria sem base. Fica a
pergunta: Quem disse que o filme descarta Deus? Só o torna mais complexo, o que
achei genial!
Prezados, Prometheus é uma obra de
ficção científica que nos faz pensar, se não logo após sua projeção (acabei de
ver e fiquei dividido sem saber se gostei ou não), pelo menos vai fazer pensar quando
colocar a cabeça no travesseiro: “Que porra foi essa?”.