segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ars Gratia Artis


Arte. Ser ou não ser... Sinceramente falando, não acho de bom alvitre tecer comentários a respeito do que chamamos de Arte. Não o acho, pois impera a subjetividade em qualquer tipo de concatenação. A neutralidade almejada nunca se apresenta e, por isso, não acho possível uma crítica “artística” (de qualquer prisma conceitual) sem que a mesma incorra em alguma ideologia tendenciosa ou algo do tipo. Portanto, meus caros, tudo é Arte. Vejamos na música: escutemos Jesus, Alegria dos Homens, de Bach e qualquer coisa da nossa querida Banda Calypso (desculpe por não citar nome de algo da banda). Estilos de obras totalmente diferentes, não? Bem, podem até ser, mas são duas obras de Arte no sentido “seco”, pois são junções de notas musicais que, arranjadas e elencadas à sua maneira, resultam em musicalidade, logo, se são músicas e música é arte, então as duas são arte. Qualquer outro tipo de análise incorre no erro subjetivista. Sei que podem até chamar-me de louco ou falaram que não entendo nada de Arte, e talvez tenham razão, porém, fiz esses comentários por ter certeza de que as discussões sobre determinados assuntos, como o tratado neste escrito, levam-nos ao limbo, ou seja, terminamos por ficar sem algo concreto como conclusão. Os “eruditos” em Arte torcem o nariz para qualquer coisa que fuja aos meandros dos manuais artísticos (como o usado por Lula Molusco no episódio Artista Desconhecido do Bob Esponja em que o mesmo se faz de professor de arte utilizando um maçante manual) e fogem do que as massas adoram, mesmo que seja algo efêmero (já existe a Arte Efêmera, não é?). Por outro lado, a massa acha muita “frescura” ficar analisando obras de arte. Agora, o cômico nisso tudo é que as duas partes têm sua parcela de razão, pois o que o “povão” adora hoje vai ser facilmente esquecido e as análises artísticas não passam de aberrações provenientes de cabeças estranhas e excêntricas que não sabem dançar calypso (confesso que não sei dançar também, pelo menos sóbrio). É bom ressaltar que existem “artistas” que navegam entre os dois mundos. Vejamos a banda Queen, só para citar um exemplo que conheço. Eles foram capazes de produzir algo bem complexo no âmbito musical como a The Prophet’s Song, que nos mostra um coro em sincronia majestosa e variações de ritmo transloucadas durante a música, e, por outro lado, criaram obras como Lazing On The Sunday Afternoon ou Bycicle Race, pérolas sem sentido ou até de escracho, e o fizeram sem nenhum pudor ou preocupação com comentários de críticos ou algo do gênero, tanto que o próprio vocalista do grupo não entendia o que os críticos expunham, pois em um momento diziam que eram cópia do Beach Boys e em outro momento diziam que eram cópia do Led Zeppelin. Vai entender... Sintetizando, minha intenção foi mostrar que a criatividade humana não deve se pautar por manuais ou opiniões. O que deve existir é a catarse de produzir, externalizar o que quisermos, seja a dança do calypso ou a dança interpretativa do Lula Molusco.

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